O primeiro dia de aula é um dia de fortes emoções para as crianças – para mães e pais também. O medo do desconhecido se mistura à ânsia pelo novo e à felicidade de vê-los crescerem. As dúvidas sobre esse momento variam conforme a idade das crianças, mas o friozinho na barriga costuma marcar presença a cada início de ano letivo.
Como preparar as crianças para essa separação dos pais, ainda que dure poucas horas? Como preparar a família? Como serão as outras crianças? E os educadores? Será que a adaptação vai ser fácil? O que colocar na mochila? O que mandar de lanche? Será que os outros familiares fazem assim? As perguntas são muitas e vamos tentar responder a algumas delas neste artigo.
Bebês e crianças muito pequenas costumam ter dificuldade de entender que um afastamento dos pais não é um abandono para sempre e podem sofrer com a angústia da separação.
Na hora da matrícula, pergunte sobre o método e o período de adaptação que a escola adota, como é a troca de fraldas e roupas e quais são as alternativas para a criança que ainda mama no peito.
Em muitos casos, as crianças ficam por períodos mais curtos na escola, frequentemente na companhia dos pais ou de uma pessoa familiar a ela. Nos próximos dias, os responsáveis podem aguardar ainda no ambiente escolar, mas fora da sala de aula. Até o dia em que já é possível deixar as crianças para buscá-las só ao final do horário letivo. Isso pode durar mais de uma semana. Dependendo do tamanho da turma, a adaptação pode ser feita por pequenos grupos para evitar a aglomeração de pessoas.
O processo gradual é importante para que a criança perceba o novo espaço como um local seguro. Aos poucos, ela vai entendendo que aquela pessoa em quem ela confia vai embora, mas volta em seguida, e passa a desfrutar das novas companhias com mais tranquilidade. Nem sempre um tempo longo de adaptação é possível. Ainda assim, é importante que essa seja uma transição afetuosa para a nova fase da vida familiar.
A adaptação da creche começa em casa
Essas pequenas separações podem ser treinadas em casa, antes do início das aulas. Que tal experimentar deixar a criança com outro adulto de confiança – que não seja aquele responsável mais próximo, como a mãe ou o pai – em alguns momentos? Avise que vai sair e que logo volta (e volte logo mesmo!).
Progressivamente, é possível aumentar o tempo de distanciamento, sempre avisando que vai sair e voltar, e dizendo quem vai ficar com ela. Esse processo ajuda a reduzir a angústia da separação da criança e permite a criação de novos vínculos.
Outras dicas podem ajudar nessa fase:
Conversar sobre o assunto, mesmo que a criança ainda seja muito pequena.
Preparar a rotina para que horários de sono e alimentação se ajustem mais facilmente aos horários da escola - garantindo que a criança durma o tempo de sono mínimo da idade.
Avisar a escola em caso de necessidade de medicação regular durante o horário de aula.
Levar a criança para conhecer o espaço antes ou mostrar fotos da escola, listando as coisas legais que existem lá.
Contar o que você vai fazer enquanto a criança estiver na escola, o que ela poderá fazer lá, e o que vocês farão depois.
Envolver a criança no preparo da mochila e do lanche, dando opções do que levar.
Levar um objeto de apego, como um brinquedo ou paninho, por exemplo.
Na escola, ser sempre honesto sobre o momento do tchau. Sair enquanto a criança estiver distraída parece mais prático na hora, mas pode gerar a sensação de abandono quando ela perceber que você saiu.
Convidar algum coleguinha e seus pais para fazerem algo fora da escola juntos para facilitar a integração.
Vivenciar a experiência com otimismo, pelo crescimento que vai trazer à criança e à família. Se o momento for carregado de culpa ou medo, a criança sentirá o mesmo.
A partir dos quatro anos, todas as crianças precisam estar matriculadas na educação básica, conforme a redação mais recente da Lei de Diretrizes e Base.
A idade coincide com uma necessidade cada vez maior de que elas se socializem, afinal, já brincam mais, se comunicam melhor e têm maior autonomia. Tudo isso costuma facilitar a adaptação escolar.
Ainda assim, o apoio da família é importante para que os pequenos se sintam seguros no novo espaço, especialmente nos primeiros dias de aula.
As dicas dadas acima para os menorzinhos continuam valendo para as “crianças maiores”. Antecipar o que elas vão encontrar no novo espaço e adequar os horários de sono à nova rotina são ações importantes em qualquer idade.
O preparo da mochila ganha uma nova dimensão: vale conversar sobre a importância de um lanche saudável e cuidar para que o peso da mochila não ultrapasse 10% do peso da criança, assim ela não força a coluna.
Além disso, o diálogo a partir de 4 anos é mais fácil e deve ser incentivado. Vale reforçar a necessidade de atenção aos protocolos de higiene e segurança e, principalmente, praticar a empatia e a escuta ativa.
Como praticar a empatia ao conversar sobre o primeiro dia de aula
Tente lembrar das suas próprias experiências de primeiros dias de aula, ou mesmo de emprego novo: “será que vão gostar de mim? Será que vou gostar da turma?” costumam ser questionamentos bem comuns, não é mesmo?
Se perceber que a criança está com inseguranças parecidas com essas, não minimize. Conte como você se sente ou se sentia nessas situações e o que faz ou fez para superar. Demonstre confiança de que a criança vai vencer essa insegurança inicial e mostre-se sempre aberto para conversar sobre os sentimentos.
Mesmo depois do primeiro dia, é importante manter o canal de diálogo aberto. Faça perguntas, mostre interesse, observe seu comportamento (como ela chega na escola, como sai, como reage aos colegas).
Para ajudar, trouxemos algumas sugestões de perguntas para além de “como foi o dia na escola?”:
O que você mais gostou de fazer hoje?
Teve algum momento chato?
Quais músicas você cantou? E ouviu?
Do que você brincou?
Quais desenhos você fez?
Qual livro a professora leu?
Ah, e se notar algo estranho, suspeitar de bullying ou qualquer outro desconforto na criança, converse com os educadores para entender como ajudá-la.
Gostou dessas dicas? Outra forma de incentivar a socialização das crianças é através da prática de esportes. Conheça um pouco mais sobre artes marciais para crianças aqui.
Este artigo foi publicado no Portal de Saúde - Unimed Brasil.
Texto: Agência Babushka | Edição e Revisão: Unimed do Brasil
Fonte: SBP I e II, MEC
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