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Saúde mental dos idosos: vamos falar sobre isso?


Qual é a primeira imagem que vem à sua cabeça quando pensa em envelhecimento? Para muitas pessoas, envelhecer pode ser sinônimo de maturidade e bem-estar. É uma fase da vida cheia de desafios em que os cuidados com o corpo e com a mente contribuem para a longevidade.


Contudo, a velhice não tem apenas uma cara: ao mesmo tempo em que há pessoas de 60 anos com aparência mais fragilizada, existem homens e mulheres de 90 anos muito bem-dispostos e isso nem sempre tem a ver com falta ou excesso de cuidados. O que não pode ser ignorado é do quanto o passar do tempo muitas vezes pode pesar na mente de quem envelhece.


De acordo com o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de idosos cresceu 18% entre 2012 a 2017 e chegou a ultrapassar a marca de 30 milhões de pessoas. Esses dados revelam que a expectativa de vida vem aumentando, mas é preciso olhar para além de “quantos anos as pessoas vivem” e também para “o quão saudáveis elas estão”.


Na velhice, alguns sintomas físicos podem trazer incômodos, como a diminuição da visão, a perda ou aumento de peso e assim por diante. Por mais que seja um processo natural, vivenciar essas mudanças no corpo pode ser difícil para algumas pessoas, e assim a saúde mental é afetada.


Os aspectos emocionais podem ser abalados antes mesmo de a pessoa chegar aos 60 anos, na chamada “crise de meia idade”, que costuma acontecer por volta dos 40 anos. Ou seja, além do aparecimento de limitações físicas, o indivíduo ainda passa por uma série de modificações em âmbitos pessoais e profissionais que podem causar desconforto.


Essas transformações, que na maioria das vezes são caracterizadas por perdas – seja de mobilidade, da companhia dos filhos, ou viuvez, por exemplo – são situações complexas de serem enfrentadas. As perdas se acumulam e uma adaptação constante é necessária. Por isso, podem surgir casos de ansiedade, angústia, medo e tristeza intensa.


Ainda há os idosos que recorrem ao isolamento, por vergonha ou pela negação de que precisam de ajuda para realizar certas atividades. Vivemos uma cultura da juventude, onde ser jovem significa ter vitalidade, e ser idoso pode ser percebido de forma contrária. Esse tipo de olhar estereotipado afeta a autoestima dos mais velhos, podendo levá-los a questões emocionais graves.

A depressão na terceira idade

O transtorno mental mais frequente na terceira idade é a depressão. Inclusive, os idosos lideram o ranking dos quadros depressivos entre os brasileiros, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde, de 2019.


De acordo com dados do Ministério da Saúde de 2018, há alta taxa de suicídio entre idosos com mais de 70 anos. Nessa faixa etária, foi registrada a taxa média de 8,9 mortes a cada 100 mil idosos. Para fins comparativos, a taxa média nacional é de 5,5 por 100 mil.


Entre 2011 e 2018 foram registradas 293.203 lesões autoprovocadas no país. Delas 11.438 (3,9%) envolviam indivíduos com mais de 60 anos. Nesse grupo, as lesões notificadas apresentaram as taxas de 3,8% das notificações em 2011 e 3,3% em 2018.

O processo de envelhecer com qualidade de vida também é chamado de envelhecimento ativo. Isso significa a criação de oportunidades contínuas de saúde, participação e segurança para os idosos. O termo envelhecimento ativo foi adotado pela Organização Mundial da Saúde para representar um desejo comum de que a velhice seja uma experiência positiva. Mas para isso é necessário o comprometimento de pessoas e de instituições públicas e privadas.


“A palavra ‘ativo’ refere-se à participação contínua nas questões sociais, econômicas, culturais, espirituais e civis, e não somente à capacidade de estar fisicamente ativo ou de fazer parte da força de trabalho”, diz o documento da política de saúde do governo brasileiro.


Nesse sentido, a interdependência e solidariedade entre gerações é indispensável para o envelhecimento ativo. Afinal, o adulto de hoje é o idoso de amanhã e é preciso construir uma via de mão dupla, onde pessoas de todas as idades se cuidem mutuamente.

Mas, afinal, como cuidar da saúde mental para quando a terceira idade chegar? E como ajudar pais e avós que estão nessa fase?


O mais importante é compreender que esse é um trabalho delicado que exige comunicação constante entre pais e filhos, para que, juntos, alcancem o equilíbrio entre amparo e autonomia. O diálogo e a escuta são essenciais para que cada um expresse suas vontades e necessidades.

É preciso ter cautela com a superproteção e, ao mesmo tempo, estar atento aos momentos em que o idoso precisa da presença de alguém da família por perto.


Independentemente da idade, deve-se ficar de olho em alguns sinais:

Sintomas cognitivos

ligados a questões neurológicas, como falhas na memória, lentidão no pensamento, dificuldade de raciocínio.

Sintomas emocionais

apatia, tristeza, excesso ou perda de sono, mudanças de humor.


Essas questões são comuns até certo ponto. A gravidade está em quando a pessoa começa a colocar em risco a própria vida, ao esquecer a panela no fogo com frequência, por exemplo, ou quando apresenta perda do interesse em viver. Nesses casos, a busca por profissionais da saúde e tratamentos é fundamental.

Envelhecimento saudável

Para que se tenha um envelhecimento saudável, bons hábitos devem ser cultivados, como alimentação adequada, atividades físicas regulares e sono de qualidade. Outras práticas importantes são as interações sociais e o estabelecimento de metas, como marcar uma viagem com a família, por exemplo.


O convívio social faz toda a diferença no envelhecimento. Estimule as interações em grupo (seja para jogos de cartas, dança, para atividades físicas ou para aqueles que ainda trabalham) e com a família, se reunindo sempre que possível. Isso ajuda na comunicação, melhora o humor e estabelece ligações afetivas.


Outra dica é evitar estereótipos e não se referir aos idosos com termos pejorativos como “ranzinza”, “teimoso” e “gagá”. Há uma diversidade muito grande no envelhecimento, com idosos conectados às redes sociais, que namoram, saem com amigos, enquanto outros seguem uma rotina mais tranquila. O importante é que os vínculos familiares se fortaleçam, que cada um respeite suas individualidades e estejam abertos às adaptações do processo de envelhecer.


Este artigo foi publicado no Portal de Saúde - Unimed Brasil.

Texto: Agência Babushka | Edição e Revisão: Unimed do Brasil

Fonte: Agencia Brasil, Revista USP - publicação, Globo / Bem viver em Minas, Exame



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