Você já ouviu falar na síndrome pós-COVID?
Esse é o nome dado para um conjunto de problemas de saúde, recorrentes ou contínuos, que têm sido apontados por até 70% dos pacientes que tiveram COVID-19.
As sequelas da COVID-19 podem ser de natureza hematológica, cardiológica, neurológica, dermatológica ou psicológica. Pode se manifestar em qualquer pessoa que teve contato com o vírus, mesmo os que não apresentaram sintomas após a infecção.
De forma persistente, essa síndrome, chamada em inglês de Long COVID ou Late COVID (COVID longa ou COVID tardia), tem afetado a qualidade de vida de milhares de pacientes.
Sem prazo de validade para o fim dos sintomas, já que ainda não há dados suficientes que permitam dizer, em média, quanto tempo duram as sequelas da COVID-19, o melhor remédio continua sendo a prevenção e a informação.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) estes são os sintomas mais comuns, por sistema afetado:
1. Sintomas respiratórios e cardiovasculares
Falta de ar
Tosse
Aperto no peito
Dor no peito
Palpitações
2. Sintomas generalizados
Fadiga
Febre
Dor
3. Sintomas neurológicos
Comprometimento cognitivo ("névoa do cérebro", perda de concentração ou problemas de memória)
Dor de cabeça
Distúrbios de sono
Alfinetes e agulhas ou dormência (em qualquer parte do corpo)
Tontura
Delirium (em pessoas idosas)
4. Sintomas gastrointestinais (sistema digestivo)
Dor abdominal
Náusea
Diarreia
Anorexia e apetite reduzido (em pessoas mais velhas)
Perda de peso
5. Sintomas musculoesqueléticos
Dor nas articulações
Dor muscular
6. Sintomas psicológicos / psiquiátricos
Sintomas de depressão
Sintomas de ansiedade
7. Sintomas de ouvido, nariz e garganta
Zumbido
Dor de ouvido
Dor de garganta
Perda de paladar e / ou cheiro (parosmia)
8. Sintomas dermatológicos
Erupções cutâneas
No entanto, as sequelas da COVID-19 podem se apresentar de forma variada para cada paciente, e questões como fibrose nos rins, dores de cabeça e até tosse persistente têm sido relatadas por um número considerável de pacientes. Isso acontece porque o coronavírus atinge de forma aguda muitos órgãos do corpo humano, especialmente o coração, os pulmões e os vasos sanguíneos.
Das complicações crônicas mais graves ligadas ao pulmão, o órgão mais associado à doença, está a fibrose pulmonar. Esta condição é mais facilmente observada em pacientes que apresentaram quadros graves da COVID-19, já que está ligada a infecções mais severas no pulmão.
A fibrose pulmonar é uma alteração crônica no pulmão, em que qualquer área que antes apresentava uma inflamação é preenchida por cicatrizes que tornam o órgão mais rígido e dificultam a execução das funções normais, provocando a hipoxemia, que é a queda do nível de oxigênio no sangue.
O coração também pode sofrer a longo prazo: arritmias, miocardite e fibrose miocárdica, que por vezes podem se manifestar pela falta de ar e ser confundidas com questões associadas ao pulmão. Por isso, ao primeiro sinal de sintomas, procure seu médico para um diagnóstico adequado.
Muitas sequelas da COVID-19 podem dar sinais sutis, pois são de ordem neurológica ou psicológica. Até 40% dos pacientes recuperados desenvolvem transtornos de ansiedade e/ou depressão, além de estresse pós-traumático. Casos em que os transtornos já sejam pré-existentes podem inclusive ser agravados.
É preciso ficar atento e ouvir os sinais do seu corpo: dificuldade em se concentrar, insônia, perda de memória, dores de cabeça, fadiga… todos esses são sintomas comuns da síndrome pós-COVID, juntamente com tontura e perda de olfato e de paladar.
Um estudo publicado na revista científica Nature associou as neuropatologias a alterações nas células e vasos cerebrais causadas pelo coronavírus, que levam à inflamação em neurônios, nas células de suporte – aquelas que formam os tecidos – e nas artérias cerebrais.
De todas as sequelas da COVID-19, uma das mais conhecidas é a parosmia: a perda ou alteração do olfato e paladar. Esse sintoma também é importante para identificar uma reinfecção, mas o que ocorre após a recuperação não é necessariamente o mesmo distúrbio.
As alterações no paladar ou no olfato causadas pela COVID-19 tem a ver com um inchaço em decorrência da destruição de células localizadas no nariz, causada pelo coronavírus. É o inchaço que causa a alteração no olfato e, consequentemente, no paladar, chamada de hiposmia, quando se trata apenas de uma diminuição ou anosmia quando a perda é total.
Já a parosmia ocorre durante a recuperação desses sintomas, quando o próprio organismo está se regenerando de forma espontânea. O paciente começa sentir cheiros e sabores estranhos ou a relatar mudanças na própria memória olfativa, que afeta também o paladar: os perfumes passam a cheirar mal e sua comida favorita agora é intragável.
Isso acontece porque o dano causado pelo coronavírus a essas células também causa uma confusão no envio de sinais entre as terminações nervosas da região nasal e do cérebro, confundindo e distorcendo memórias básicas e associações.
A parosmia é um sinal de recuperação do corpo, mas também é possível tratá-la para acelerar o processo. Otorrinolaringologistas são os especialistas que podem te orientar sobre o treinamento olfativo, prática que deve ser orientada pelo médico e feita duas vezes ao dia, com a intenção de ajudar o cérebro a assimilar os cheiros e reorganizar as associações.
Estudos mostram que mulheres são mais propensas a desenvolver a síndrome pós-COVID. A hipótese tem a ver com a diferente resposta imune dos organismos das mulheres, quando comparada ao dos homens.
É preciso ficar atento, mas vale lembrar que nem todos os sintomas persistentes que venham a ocorrer depois da recuperação da COVID-19 são sequelas permanentes. Se você está preocupado com algum dos seus sintomas e já se passaram quatro semanas ou mais desde que você iniciou com os sintomas de COVID, entre em contato com o seu médico e pergunte sobre a possibilidade de “COVID longo ou Síndrome pós-Covid” - ele poderá lhe orientar sobre a necessidade de avaliações adicionais, exames ou tratamentos para reabilitação.
Atenção! Mesmo com uma grande parcela da população vacinada, manter os cuidados de prevenção é essencial para evitar a doença. Leia mais em: os cuidados não podem parar.
Este artigo foi publicado no Portal de Saúde - Unimed Brasil.
Texto: Agência Babushka | Edição e Revisão: Unimed do Brasil
Fontes: SBC, Hopkins Medicine, Fiocruz, BBC
Comments