Entre as mulheres, o câncer de mama é o que causa mais mortalidade, sendo também o mais comum depois do câncer de pele. A estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) é que, em 2020, sejam diagnosticados 66.280 novos casos e ocorram cerca de 17 mil óbitos.
Há mais de 20 anos, a campanha Outubro Rosa promove a conscientização sobre a doença. Apesar disso, a desinformação sobre o câncer de mama ainda é a principal barreira a ser superada, segundo pesquisa da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), em 2019.
Ao longo dos anos, os estudos evoluíram e algumas orientações foram revistas. Nesse artigo, vamos falar sobre algumas das principais dúvidas sobre o tema.
O câncer de mama é hereditário?
A genética pode representar fator de risco aumentado, mas a SBM alerta: mais de 80% dos casos de câncer de mama não contam com histórico familiar prévio.
Existem algumas alterações genéticas que aumentam o risco de desenvolver câncer de mama, especialmente nos genes BRCA1 e BRCA2.
Porém, isso representa apenas de 5 a 10% dos casos. Ou seja, o fato de não haver casos na família não significa que a pessoa esteja livre de riscos.
Então, quais são as causas do câncer de mama?
Não é possível determinar uma causa única para o câncer de mama, mas alguns fatores estão associados a maior incidência da doença.
Entre os fatores ambientais e comportamentais, estão: obesidade e sobrepeso após a menopausa, sedentarismo, consumo de bebidas alcoólicas e exposição frequente à radiação ionizante (raio x, mamografias e tomografias).
Fatores hormonais e reprodutivos também estão relacionados ao câncer de mama: primeira menstruação (menarca) antes dos 12 anos; não ter tido filhos; primeira gravidez após os 30 anos; não amamentar; menopausa após os 55 anos; uso prolongado de pílulas anticoncepcionais e de reposição hormonal após a menopausa.
O risco de desenvolver o câncer de mama aumenta com a idade, sendo mais comum entre mulheres a partir dos 50 anos de idade.
O câncer de mama em homens é raro: representa apenas 1% dos casos, sendo mais comum em homens com mais de 60 anos e com histórico familiar de mulheres com câncer de mama ou de ovários.
Qual é a orientação sobre o autoexame das mamas?
Historicamente divulgado como método de prevenção, atualmente, o autoexame das mamas não figura entre as técnicas recomendadas de rastreamento do câncer de mama.
Isso porque, sozinho, ele não é capaz de perceber os tumores com menos de 1 cm. Estudos notaram que, ao não sentirem alterações, muitas mulheres estavam deixando de consultar o médico com uma falsa sensação de segurança.
Mas isso não diminui a importância de as mulheres conhecerem o próprio corpo. Cada mama é única. O toque e a observação constantes são as melhores formas de reconhecer quando alguma coisa está diferente.
Dados oficiais mostram que é mais comum mulheres identificarem caroços no seio casualmente, como no banho ou na troca de roupa, do que no autoexame mensal.
Assim, a orientação atual é a mulher apalpar as mamas sempre que se sentir confortável, a qualquer tempo, mas sem nenhuma recomendação de técnica específica ou periódica. Que tal inserir esse olhar atento ao próprio corpo à sua rotina de autocuidado?
Mas o que observar? Quais os sintomas?
Ao perceber suas mamas em ações rotineiras, é importante que a mulher fique especialmente atenta aos seguintes sintomas:
Nódulo (caroço) fixo e geralmente indolor: em mulheres com menos de 50 anos, a recomendação é observar se o caroço permanece por mais de um ciclo menstrual. Acima dessa idade, a investigação é imediata
Pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja
Alterações no mamilo (bico do peito)
Pequenos nódulos nas axilas ou no pescoço
Saída espontânea (sem forçar) de líquido de um dos mamilos
É importante lembrar que esses sintomas não significam que há um diagnóstico de câncer. Como indicadores, o que eles demonstram é a necessidade de uma consulta médica para avaliação.
Com que idade se deve fazer a mamografia?
A mamografia é uma radiografia feita a partir da compressão das mamas para visualizar a presença de alterações suspeitas.
A mamografia de diagnóstico pode ser solicitada em qualquer idade se houver sintomas que a justifiquem.
Já o exame em mulheres assintomáticas, chamado de mamografia de rastreamento, é recomendado para mulheres com idade entre 50 e 69 anos. De acordo com a orientação mais recente do Inca, nessa faixa etária os exames devem ser repetidos a cada dois anos, mesmo sem sintomas.
Para outras idades, avalia-se que os riscos do acúmulo de radioatividade e de resultados errados são maiores que os benefícios do exame preventivo.
A eficácia do rastreamento em mulheres entre 40 e 49 anos é limitada por vários fatores: menor incidência da doença, menor sensibilidade em mamas mais densas e maior proporção de resultados de falso-positivo. Nessa faixa de idade, os casos mais frequentes são os de comportamento agressivo, com crescimento rápido, e associado a sintomas, o que levará à solicitação da mamografia de diagnóstico, e não a de rastreio periódico.
Já o problema mais crítico do rastreamento de mulheres com mais de 70 anos assintomáticas são o sobrediagnóstico e o sobretratamento. Ou seja, existe o risco de o tratamento e seus efeitos colaterais serem mais danosos à paciente que o nódulo em si.
Importante: o exame clínico e a mamografia identificam alterações suspeitas, mas a confirmação sobre o câncer precisa ser feita em laboratório pelo exame histopatológico, após uma biópsia, quando uma pequena parte da lesão é retirada para análise.
É possível evitar o câncer de mama?
Não existe uma receita infalível contra a maior parte dos cânceres, mas estima-se que cerca de 30% dos casos de câncer de mama poderiam ser evitados com a adoção de hábitos saudáveis, como: manter o peso adequado, alimentação equilibrada e prática regular de atividades físicas.
Amamentação e redução (conversada com médico) do uso de hormônios sintéticos, como pílulas anticoncepcionais e terapias de reposição hormonal, ajudam a reduzir os riscos de desenvolver a doença.
Independentemente da idade, é fundamental a mulher estar atenta ao próprio corpo para reconhecer suas variações naturais e identificar alterações suspeitas. Esse autoconhecimento, aliado a visitas regulares ao médico, ajuda no diagnóstico precoce e aumenta as chances de sucesso de um eventual tratamento. Que tal fazer desse olhar atento um novo hábito?
Este artigo foi publicado no Portal de Saúde - Unimed Brasil. Texto: Agência Babushka | Edição e Revisão: Unimed do Brasil Fonte: Inca, Ministério da Saúde, Sociedade Brasileira de Mastologia, Unimed
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