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Dor ao amamentar: quais são as causas e como prevenir?


O início da amamentação pode ser difícil para muitas mulheres, mas, com uma pega adequada, cuidados específicos e muito apoio é possível superar as dificuldades iniciais.

O aleitamento materno é extremamente importante para a nutrição, a formação do sistema imune do bebê e para o vínculo entre mãe e filho. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o leite materno seja o único alimento da criança até os seis meses.

Mas, apesar de ser um ato natural e benéfico, nem sempre é fácil. São frequentes os relatos de mães que choram junto com o bebê, seja por cansaço, dor nas mamas ou insegurança.

É normal sentir dor ao amamentar?

Nos primeiros dias após o parto, é normal que a mulher sinta uma dor moderada nos seios. As mamas estão se preparando para a produção e a descida do leite: é a apojadura. Durante esse processo inicial, é produzido o colostro, o primeiro leite, extremamente rico em anticorpos para o bebê.

As mamas ficam maiores, bem cheias e, algumas vezes, quentes. Tantas novidades no corpo e a sucção do bebê podem provocar um pouco de desconforto ou dor nos primeiros cinco dias. O processo tende a ser mais rápido quando a amamentação é feita em livre demanda.

Entretanto, se a dor persistir por mais de uma semana ou os mamilos ficarem muito machucados, é importante averiguar com o médico de sua confiança a melhor forma de resolver o problema.

A causa mais comum de dor ao amamentar é a pega incorreta do bebê. Além de dificultar a saída do leite e comprometer a nutrição da criança, uma pega inadequada pode machucar os mamilos pelo excesso de fricção.


Mas como é a pega adequada?

É importante que mãe e bebê estejam confortáveis durante o aleitamento. A posição pode variar, mas alguns pontos da boa pega podem ser observados:


  • A boca do bebê está bem aberta, com os lábios virados para fora (boquinha de peixe)

  • Além do mamilo, o bebê “abocanha” boa parte da aréola (a parte mais escura em torno do mamilo), de forma que ela fique mais visível na parte superior que na inferior

  • Bochecha cheia, e não encovada enquanto suga

  • O queixo do bebê encosta na mama e as narinas ficam livres para respirar

  • O corpo do bebê está voltado para o corpo da mãe, barriga com barriga


Ingurgitamento mamário ou “leite empedrado”


Mesmo com a pega adequada, é possível que ocorra o princípio de ingurgitamento mamário. Ocorre com mais frequência entre as mães de primeira viagem, normalmente três a cinco dias após o parto. Popularmente chamado de “leite empedrado”, trata-se de uma obstrução do fluxo do leite, especialmente quando a livre demanda não é possível ou a fome do bebê não é suficiente.

Outra causa relativamente comum que pode dificultar a amamentação é a cirurgia corretiva de mamas prévia, principalmente após cirurgias de redução de mamas.

Com excesso de leite obstruído, a mama fica vermelha e mais dura em algumas áreas, o bico fica mais achatado, dificultando a sucção do bebê. Pode ocorrer febre na mãe.

É importante intervir logo para que o caso não evolua para uma mastite, que é a inflamação das mamas. Converse com seu médico sobre a necessidade de uso de anti-inflamatórios ou antitérmicos para aliviar o desconforto.

Nesse caso, massagens delicadas nas mamas, com movimentos circulares na área endurecida, ajudam a fluidificar o leite “empedrado”. Além disso, o uso de bolsa de gelo entre as mamadas na região afetada ajuda a reduzir a produção de leite e adequá-la para a quantidade requerida pelo bebê.

Atenção: o tempo de aplicação das compressas frias não deve ultrapassar 20 minutos devido ao efeito rebote, ou seja, um aumento de fluxo sanguíneo para compensar a redução da temperatura local.


10 dicas para amamentar sem dor

O documento de orientações do Ministério da Saúde sobre o aleitamento materno lista ainda outros fatores que podem provocar dor ao amamentar. Eles vão de disfunções orais da criança (freio da língua curto) e tipos de mamilos até o uso inadequado de acessórios e produtos, como cremes, bombas de extração de leite e forros de proteção.

É fundamental conversar sempre com o médico pediatra e também com o obstetra para avaliar cada caso. Reunimos aqui algumas dicas para prevenir ou aliviar as causas mais comuns de dor. Além da pega correta, outros cuidados podem ajudar:

  1. Em caso de mamilos planos ou invertidos, massagem ou sucção com bomba manual 30 segundos antes da mamada, ajudam na pega do bebê.

  2. Sutiã no tamanho adequado, com alças largas e firmes, ajudam na sustentação e a manter os ductos em posição anatômica. Os muito apertados podem provocar obstrução dos ductos de leite.

  3. Amamentação sem horário ou duração pré-determinada (livre demanda): a criança colocada no peito aos primeiros sinais de que quer mamar tende a sugar com menos força por estar com menos fome.

  4. Na medida do possível, expor os mamilos ao ar livre ou à luz solar para que sequem naturalmente. Produtos secantes como álcool ou sabão retiram a proteção natural do mamilo e, por isso, recomenda-se que sejam evitados.

  5. É melhor evitar, mas se for necessário o uso de concha ou absorventes para conter excesso de leite, é importante trocá-los com frequência para que a umidade não provoque a proliferação de fungos da candidíase.

  6. Se sentir que a mama está muito cheia, massageie e faça uma leve ordenha antes de oferecer ao bebê.

  7. Se precisar interromper a mamada, introduza o dedo indicador pelo cantinho da boca do bebê, de maneira que a sucção seja interrompida antes de a criança ser retirada do seio.

Se a mama já está machucada

  1. Em caso de ingurgitamento, alternar posições para reduzir a pressão nos pontos dolorosos ou áreas machucadas. Direcionar o queixo do bebê para a área afetada facilita a retirada do leite do local.

  2. Se os mamilos estão machucados, com escoriações ou fissuras, enxaguar com água limpa após cada mamada, para evitar infecção.


Amamentação em tempos de COVID-19

Além das dúvidas normais que a maioria das mães tem sobre amamentação, somou-se em 2020 a questão da pandemia do novo coronavírus.

Organizações de saúde são unânimes em seguir recomendando o aleitamento mesmo em casos de mães infectadas. O Ministério da Saúde elencou quatro motivos:

  1. O coronavírus não foi detectado no leite materno de nenhuma mãe confirmada ou suspeita e até o momento não há evidências de que o vírus seja transmitido através da amamentação

  2. Recém-nascidos e bebês têm baixo risco de infecção por COVID-19. Entre os poucos casos confirmados de infecção em crianças pequenas, a maioria experimentou apenas sintomas leves ou era assintomática

  3. A amamentação e o contato “pele a pele” reduzem significativamente o risco de morte em recém-nascidos e mães e proporcionam vantagens imediatas e ao longo da vida para a saúde e o desenvolvimento do bebê. A amamentação também reduz o risco de câncer de mama e de ovário na mãe

  4. Os inúmeros benefícios da amamentação superam substancialmente os riscos potenciais de transmissão e doença associados ao coronavírus

Reforça-se, no entanto, a necessidade de uso de máscaras e higienização das mãos antes de pegar o bebê. Se uma mãe com confirmação ou suspeita de COVID-19 tossir sobre as mamas ou peito exposto, deverá lavá-lo delicadamente com sabão e água por pelo menos 20 segundos antes da mamada.

Em casos mais graves da doença, em que a mãe não tenha condições de amamentar, o Ministério da Saúde propõe o seguinte fluxo para a decisão:


Fluxo de decisão para amamentação no contexto da COVID-19

Adaptado de OMS, 2020


Os benefícios para a saúde de mãe e filho são repetidamente comprovados pela ciência, mas amamentar nem sempre é fácil, nem sempre é possível. O suporte de profissionais de saúde e de familiares é essencial para superar as primeiras dificuldades. Da mesma forma, é fundamental o não julgamento de mulheres que por quaisquer motivos não consigam dar o peito. O mais importante é o equilíbrio da família como um todo.


Este artigo foi publicado no Portal de Saúde - Unimed Brasil.

Texto: Agência Babushka | Edição e Revisão: Unimed do Brasil Fonte: Ministérios da Saúde, Sociedade Brasileira de Pediatria

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