A atividade física ajuda no desenvolvimento e fortalece a imunidade: criança precisa correr, brincar, se exercitar. Mas, o isolamento social trazido pelo novo coronavírus dificultou a prática para muitas delas.
Aos poucos, algumas regiões retomam as atividades ao ar livre. Preocupada com os cuidados necessários nestes novos tempos, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou um documento com recomendações a famílias e escolas.
A intensidade dos exercícios para as crianças
Vale para todas as idades: a prática regular de atividades físicas fortalece o sistema imunológico, previne a obesidade e tem até ação anti-inflamatória.
O ideal, segundo a SBP, é que crianças e adolescentes acumulem 60 minutos de atividade física por dia, de moderada a vigorosa. Assim, estimulam-se ossos, músculos, articulações, desenvolvimento motor, equilíbrio e coordenação. Mas o isolamento social comprometeu o condicionamento físico de muitas crianças.
Por isso, os pediatras recomendam atenção à duração e à intensidade dos exercícios, especialmente depois de um longo período de sedentarismo. Atividades desreguladas e retorno abrupto às muito intensas podem ter efeitos negativos no organismo de crianças e adolescentes.
As atividades moderadas podem diminuir infecções do trato respiratório em até 50%. Porém, as muito intensas (como andar de bicicleta e correr longas distâncias, pular corda, praticar esportes e fazer trilhas) podem piorar os casos em até seis vezes.
Recomendações para famílias e cuidadores
Para não transformar a pandemia de COVID-19 em uma epidemia de sedentarismo, reunimos algumas dicas sobre como manter o corpo de crianças e de adolescentes ativos nestes novos tempos:
Atividades para fazer com as crianças em casa
Não é fácil: muitas vezes os espaços são pequenos e/ou os pais estão trabalhando em casa. Mas isso não precisa ser sinônimo de ficar parado. A criatividade na hora de se exercitar traz benefícios para toda a família.
vale improvisar brincadeiras mais ativas dentro de casa, como pular corda, bambolê, amarelinha, circuitos com obstáculos, caminhar sobre a linha, vôlei de balão e esconde-esconde
aulas de dança e ioga on-line são boas para todas as idades, que tal praticar junto?
dividir as tarefas da casa conforme as capacidades de cada criança é uma forma de manter o corpo em atividade, criar senso de participação e aumentar o vínculo familiar
Cuidados na retomada das atividades na rua
Importante: antes de retomar as atividades em ambientes externos, é fundamental consultar a situação na sua cidade e região. Ainda que atividades estejam permitidas, vale tomar medidas de prevenção.
retome com as crianças as medidas de segurança no trânsito. Muito tempo em casa pode provocar euforia quando vir a rua novamente
reforce a importância de manter o distanciamento mínimo entre as pessoas e de higienizar as mãos com frequência
evite atividades físicas caso as crianças apresentarem sintomas gripais/respiratórios
lembre as crianças de não compartilhar copos ou garrafas com amigos
promova a limpeza constante de brinquedos de uso frequente, em especial aqueles utilizados fora do domicílio e que tenham sido compartilhados com outras crianças
brinquedos que não puderem ser lavados com água e sabão (eletrônicos) podem ser higienizados com álcool 70%
estimule o uso de máscaras de pano durante as práticas ao ar livre. Explique que é preciso um tempo de adaptação a esse novo acessório. Veja mais dicas sobre máscaras para crianças no quadro abaixo:
Crianças e Máscara de proteção
Além de verificar o tamanho adequado da máscara, paciência e carinho são fundamentais para ensinar o novo hábito. Deve-se orientar para que elas não mexam na máscara e para que troquem a cada duas horas ou caso ela caia no chão. As crianças só podem ficar sem máscara em ambientes abertos, a pelo menos dois metros de outras pessoas, desde que não toque em superfícies. menores de dois anos: não devem usar. A salivação intensa, as vias aéreas de pequeno calibre e a imaturidade motora elevam o risco de sufocação.
entre dois e cinco anos: recomendado uso sob supervisão constante. Deve-se avaliar a maturidade das crianças para evitar ajustes constantes.
. de seis a dez anos: uso indispensável quando em contato com grupos. A criança já pode ajudar a colocar e retirar, mas sob supervisão.
a partir de 11 anos: a criança já é capaz de compreender e seguir todas as instruções para o uso, retirada, higienização ou descarte das máscaras.
crianças especiais: em casos de crianças com transtorno ou déficit cognitivo, é recomendável tentar um treinamento e avaliar a adesão, de acordo com a resposta individual.
Considerações sobre a volta das atividades escolares
Com calendários diferentes de acordo com a região, escolas e secretarias de educação de todo o país estão elaborando protocolos para o retorno às aulas. Reunimos alguns pontos sugeridos pela SBP para ajudar quem for participar do debate:
ainda não é o momento de retomar esportes coletivos de contato
é importante estimular práticas esportivas que permitem distanciamento, como atletismo, jogos de raquete, circuito, ioga
reforçar a necessidade de máscara
não há consenso ainda sobre a distância mínima, mas recomenda-se um distanciamento de 1 a 2 metros para práticas estáticas e de 5 metros quando houver deslocamento (corrida, caminhada)
será fundamental organizar o espaço para propiciar o distanciamento e desinfetar o ambiente e os brinquedos com frequência
ambientes ao ar livre ou em locais mais arejados são melhores para práticas físicas
educadores precisam considerar eventual perda de condicionamento físico das crianças e adolescentes no planejamento de atividades corporais, priorizando as moderadas
estimular a hidratação durante e depois dos exercícios, em copos individuais (e não bebedouros)
É preciso se preparar, mas não acelerar o processo de retomada. Mesmo que algumas regiões estejam planejando flexibilização de quarentena e o retorno gradual de atividades ao ar livre, é importante lembrar que o distanciamento físico ainda é a melhor maneira de prevenir a contaminação pelo novo coronavírus.
As dúvidas sobre a COVID-19 ainda são muitas e angustiam pais e educadores. Reduzir o risco de contaminação e, ao mesmo tempo, promover práticas saudáveis é o nosso desafio nestes novos tempos.
Este artigo foi publicado no Portal de Saúde - Unimed Brasil.
Texto: Agência Babushka | Edição e Revisão: Unimed do Brasil
Fonte: SBP
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