O que eu estava falando? Onde guardei a chave? Cenas comuns como essas acontecem com a maioria de nós. Normalmente significam apenas uma desatenção momentânea, solucionadas com um chamado ao foco e à concentração.
Mas, quando a atenção não volta e esses lapsos começam a atrapalhar a rotina, bate aquela desconfiança de que algo mais sério possa estar acontecendo. Aí pode ser o momento de consultar um médico.
Apesar de não ser a única causa de esquecimentos, a doença de Alzheimer costuma ser a que causa mais medo – tanto em pacientes como em familiares.
Não há cura, mas, como prega o lema da campanha Fevereiro Roxo, “Se não houver cura, que ao menos haja conforto”. Para isso, é preciso informação, acompanhamento médico e muito carinho.
O que é a doença de Alzheimer
A doença de Alzheimer é um transtorno neurodegenerativo progressivo. Dito de forma mais simples, é a morte de células cerebrais, que leva a um tipo de demência com redução da capacidade cognitiva.
Curiosidade sobre o nome: a doença foi batizada com o nome do médico alemão Alois Alzheimer que, em 1906, examinou e descreveu as alterações no cérebro de uma paciente falecida aos 55 anos, após desenvolver um quadro de perda progressiva da memória, desorientação e distúrbios de linguagem.
A doença acomete principalmente a população idosa, apesar de ser um processo diferente do simples envelhecimento das células. Na doença de Alzheimer, a perda de neurônios acontece por erros no processamento de certas proteínas.
Ainda não se sabe exatamente por que isso acontece. A medicina trabalha com a ideia de predisposição genética que, combinada a fatores externos, pode desencadear a doença ou não.
Estima-se que existam no mundo cerca de 35,6 milhões de pessoas com a doença de Alzheimer. Segundo a Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz), no Brasil, há cerca de 1,2 milhão de casos, sendo a maior parte deles ainda sem diagnóstico.
Sintomas e diagnóstico da doença de Alzheimer
O sintoma mais conhecido, e normalmente o primeiro a disparar sinal de alerta na família, é a perda muito frequente da memória recente: se já almoçou, se escovou os dentes, ou o que precisa fazer.
Com o tempo e o agravamento da doença, a pessoa começa a esquecer também fatos mais antigos, nomes das pessoas ou lugares, apresenta irritabilidade, dificuldade de se orientar no tempo e espaço e passa a ficar mais dependente de cuidadores e familiares.
Segundo o Ministério da Saúde, os principais sintomas da doença de Alzheimer são:
falta de memória para acontecimentos recentes
repetição da mesma pergunta várias vezes
dificuldade para acompanhar conversações ou pensamentos complexos
incapacidade de elaborar estratégias para resolver problemas
dificuldade para dirigir automóvel e encontrar caminhos conhecidos
dificuldade para encontrar palavras que exprimam ideias ou sentimentos pessoais
irritabilidade, desconfianças injustificadas, agressividade, passividade, interpretações erradas de estímulos visuais ou auditivos, tendência ao isolamento
Ao perceber algum desses sintomas, é importante procurar um médico neurologista, ou psiquiatra geriatra.
Não existe um exame único para determinar que o caso seja de Alzheimer. O diagnóstico é feito por entrevista médica, avaliação neuropsicológica e exclusão de outras doenças por meio de exames de sangue e de imagem.
Apesar de não ter cura, com o diagnóstico precoce, é possível iniciar um tratamento que estabiliza a doença e diminui a velocidade da perda neuronal. Assim, garante-se mais tempo de qualidade de vida para paciente e familiares.
Como cuidar de uma pessoa com Alzheimer
Receber o diagnóstico de Alzheimer pode ser assustador tanto para o paciente como para os familiares, mas iniciar o tratamento e participar de grupos de apoio o quanto antes pode elevar muito a qualidade de vida dos envolvidos.
Cuidar de uma pessoa com Alzheimer requer atenção a cuidados básicos de segurança e, principalmente, muito carinho, paciência e respeito. Por isso, atenção às dicas:
Não trate o idoso com Alzheimer como criança, nem fale dele como se estivesse ausente
Na comunicação, fale de maneira suave e pausada com frases curtas e palavras simples, para facilitar a compreensão
Também é importante não discutir ou dar ordens. Discussões elevam o nível de estresse e provocam ainda mais agitação. Por exemplo: se a pessoa fala que alguém que já morreu está vivo, ou que a casa dela é outra, não contrarie
Se, na hora de tomar banho, ela disser que já tomou, convide para tomar outro
Estabeleça e mantenha uma rotina de higiene e asseio. É importante para uma autoimagem positiva estar limpo e com roupas limpas
São comuns episódios de agressividade e mesmo de idosos perdidos na rua por causa da confusão mental. Vamos ver como reduzir esses riscos?
Síndrome do Pôr do Sol
Esses quadros de maior agitação costumam acontecer com mais frequência no fim da tarde. É o que especialistas chamam de “Síndrome do Pôr do Sol”, que atinge cerca de 20% das pessoas com Alzheimer.
Acredita-se que as alterações cerebrais afetem o relógio biológico, levando a confusão nos ciclos de sono-vigília e que seja agravada quando há excesso de consumo de cafeína ou álcool e também quando não há uma boa rotina de sono e descanso noturno.
Para minimizar os efeitos do entardecer, a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) sugere testar as seguintes dicas:
Reduzir barulho, bagunça ou o número de pessoas na sala
Distrair a pessoa convidando para um lanche ou para uma atividade simples, como dobrar as toalhas ou assistir a um programa de TV leve
Tocar música suave, ler ou ir para uma caminhada
Pedir para um membro da família ou amigo ligar nesse período
Fechar as cortinas ou persianas e acender as luzes ao anoitecer para minimizar as sombras e a confusão que podem causar
Como evitar que a pessoa com Alzheimer se perca na rua:
A pessoa desorientada corre maior risco de sair na rua e se perder, sem saber onde está nem aonde quer ir. Para evitar isso, o ideal é ter sempre um acompanhante com a pessoa para impedir que ela saia de casa e se perca. No entanto, em um minuto de distração, isso ainda pode acontecer, por isso, atenção a mais essas dicas
Certifique-se de que a pessoa com Alzheimer esteja sempre carregando algum tipo de identificação com nome, telefone e uma breve observação sobre a doença, o que pode ajudar caso ela se perca e não consiga se comunicar ou lembrar de onde veio. Pode ser no bolso, em uma corrente, chaveiro etc.
Mantenha vizinhos e porteiros informados sobre o diagnóstico e peça que avisem ao ver a pessoa desacompanhada
Mantenha fotografia e vídeos recentes da pessoa, caso seja preciso mostrar a vizinhos e à polícia se ela se perder
Alzheimer não tem cura, mas com carinho e respeito é possível manter uma boa qualidade de vida para o paciente. Para que isso aconteça da melhor forma, além do acompanhamento médico, é muito importante que a responsabilidade do cuidado seja dividida entre mais pessoas da família ou com profissionais. Não esqueça: quem cuida também precisa de descanso.
Este artigo foi publicado no Portal de Saúde - Unimed Brasil.
Texto: Agência Babushka | Edição e Revisão: Unimed do Brasil
Fontes:
Blog do Ministério da Saúde (Alzheimer — Português (Brasil), Cuidados simples para pessoas com Alzheimer), Abraz, SBGG, Como evitar que uma pessoa com Alzheimer se perca na rua - SBGG, Einstein, Unimed: Estresse em Idosos, O que pode gerar o esquecimento).
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