
O isolamento físico e social recomendado em função da pandemia de COVID-19 é um desafio para a saúde mental de pessoas de todas as idades.
Pais e mães trabalhando em home office, administrando os cuidados da casa e da alimentação, dos filhos e dos pets. Crianças em casa, sem escola, sem encontrar amigos, sem a ajuda de avós, amigos ou babás.
Não há dúvidas: a internet e as telas digitais são ótimas aliadas neste momento. Através delas, muitos de nós nos mantemos informados sobre o mundo lá fora, trabalhamos, conversamos com familiares e amigos, fazemos compras on-line, tarefas da escola a distância e ainda a usamos como fonte de entretenimento.
Ou seja, mais do que nunca, estamos quase o tempo todo conectados. Mas sabemos que todo excesso é prejudicial à saúde. Então, como encontrar o equilíbrio para a saúde mental das crianças sem comprometer a do restante da família – e o desenvolvimento dos pequenos?
Qual é o problema do excesso de telas?

Apesar da importância dessa ajuda virtual, ela não deve substituir o tempo de afeto e convivência social (neste momento, com os que moram na mesma casa).
Crianças e adolescentes ainda estão desenvolvendo diferentes estruturas e regiões cerebrais e, segundo a neuropediatria, podem ter o comportamento alterado pelo excesso de virtualidade – maior irritabilidade e agressividade são as principais mudanças percebidas.
Sob o lema “Menos telas, mais saúde”, o documento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) alerta para uma série de problemas provocados pela chamada intoxicação digital, que podem ir de transtornos de saúde mental (irritabilidade, ansiedade e depressão) a questões físicas (problemas posturais e musculares devido ao sedentarismo, de visão e de audição) e sociais como cyberbullying e exposição à sexualidade precoce e a abusos.
Recomendações sobre exposição de crianças e adolescentes às telas: - Menores de 2 anos - evitar exposição - Entre 2 e 5 anos - 1 hora/dia, sempre com supervisão de responsáveis - Entre 6 e 10 anos - 1 a 2 horas/dia, com supervisão - Entre 11 e 18 anos - de 2 a 3 horas/dia, preferencialmente em áreas comuns da casa, em vez de isolados no quarto - Para todas as idades, a recomendação é evitar telas durante as refeições e 1 hora antes de dormir. Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) /2020
Como manter a saúde mental de crianças e adultos durante a quarentena?

As recomendações são ótimos parâmetros, mas cada família se organiza conforme suas possibilidades e necessidades.
É totalmente compreensível que pais ou responsáveis recorram às telas para terem um tempo para se concentrar no trabalho ou para simplesmente descansar um pouco; que avós que estão distantes queiram ver os netinhos bebês por chamada de vídeo; e que, sem poder ir à escola, os mais crescidos queiram conversar mais tempo com seus amigos pela internet. Bom senso é fundamental sempre.
Para ajudar, reunimos cinco dicas para enfrentar este momento. A telinha não precisa ser uma ameaça ao desenvolvimento infantil. Tudo é uma questão de usá-la com equilíbrio.
Dicas de atividades para crianças e adultos com uso saudável das telas

1 - Acordos e muita conversa: explicar a situação atual, com linguagem simples e adequada para a idade da criança é o primeiro passo para a negociação entre adultos e crianças.
2 - Assistir e conversar sobre os vídeos e os jogos que a criança gosta, perguntar o que é mais legal em cada um, pedir para contar o que aconteceu no episódio de um desenho, se aprendeu alguma coisa etc., são formas de demonstrar sua preocupação e estimular que ela mesma reflita sobre seus interesses e elabore narrativas. Se forem conteúdos que você desaprova, é importante que você explique os motivos.
3 - É importante também conversar abertamente sobre segurança e privacidade on-line, especialmente com crianças que já ficam em frente à tela sem supervisão. O Google tem um guia para famílias e um jogo que ajudam a abordar o assunto de uma forma mais lúdica.
4 - Da mesma forma, converse sobre o que a criança mais gosta de fazer off-line, sobre o que não gosta, mas precisa fazer; dê exemplos seus também, demonstre empatia
5 - Falando em exemplo, ele é fundamental: se os pais ficam ligados no celular o tempo inteiro, a criança pode querer fazer o mesmo. Que tal criar uma caixa onde todos guardam seus aparelhos enquanto brincam, conversam e fazem as refeições?
6 - Um calendário de atividades em família, destacando o que cada um precisa e gosta de fazer pode ser uma boa ajuda. Vocês podem definir juntos os horários para atividades físicas, estudo, trabalho, filmes e ligações para amigos e familiares e até aquele tempo necessário para o ócio criativo.
7 - Envolver as crianças nas atividades da casa (respeitando a capacidade de cada faixa etária) é uma boa forma de falar sobre responsabilidades – além de educativo, pode ser divertido. Na cozinha, vale conversar sobre quantidades, nutrientes, experimentar os ingredientes separados ao elaborar uma receita, tudo é oportunidade de aprendizado prático. Dúvidas e curiosidades podem surgir ao longo da tarefa e descobrir as respostas pode virar uma missão mais tarde (para os já alfabetizados, é mais uma forma de utilizar a internet a seu favor!).
8 - Procure fazer atividades físicas dentro de casa duas vezes ao dia com as crianças. Ideias?
Tente criar circuitos em casa, usando almofadas, garrafas ou cadeiras como obstáculos que vocês tenham que passar por baixo, por cima, contornar (e depois arrumar tudo em equipe!)
Você já ensinou aos seus filhos aquela coreografia do musical que você adorava quando tinha a idade deles? Não? Então este é o momento! Se já ensinou, então é hora de aprimorar os passos e ensaiar ainda mais :)
Imitar posições de animais praticando yoga em conjunto também é uma ótima opção para a família toda. Você pode recorrer a vídeos na internet para as primeiras vezes e depois tentar reproduzi-las sem eles. Uma dica? Yoga com Histórias da TV Rá-Tim-Bum.
Por fim, não se culpe se não conseguir fazer tudo isso sempre. Alguns dias serão mais difíceis que outros. Reconhecer e conversar sobre isso é uma chance para reencontrar o ponto ideal da sua família. Ter você por perto já é uma das melhores lembranças que seu filho vai ter deste período.
Este artigo foi publicado no Portal de Saúde - Unimed Brasil.
Texto: Agência Babushka | Edição e Revisão: Unimed do Brasil
Fonte: SBP, Abenepi